Entenda a importância do Arla 32
-Material particulado (MP) – 96% de queda.
-Óxido de nitrogênio NOx) – 87% de queda.
-Monóxido de carbono (CO) – 87% de queda.
-Hidrocarbonetos (HC) – 81% de queda.
“Os impactos da Proconve na elevação da qualidade do ar têm sido extraordinários ao longo dos anos”, diz Rudolf Noronha, gerente de Qualidade do Ar do Ministério do Meio Ambiente e coordenador da Comissão de Acompanhamento e Avaliação do Proconve, “Hoje colhemos resultados de 26 anos de programa. A fase P7 começa bem nestes primeiros meses. Tudo está acontencendo conforme o planejado, sem surpresas. Mas as melhorias concretas somente serão sentidas pela população em longo prazo.
De Fato, os benefícios dos novos limites de emissão de gases virão de forma gradual nos próximos anos. Os caminhões e ônibus com a tecnoloGia Euro 5 representam uma parcela ainda muito pequena na atual frota de quase 2 milhões de veículos de carga. Deles, 66% pertencem a gerações mais antigas de motor, que admitiam maior grau de poluição (Euro 0, Euro 1 e Euro 2). segundo levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de BVeículos Automotores (Anfavea)
ESTOQUE ANTIGO
De janeiro a maio deste ano, foram licenciados 72 579 caminhões e ônibus novos, com queda de 11% em relação ao mesmo período de 2011. Da frota que ganhou as ruas, no entanto, boa parte pertence à geração anterior, Euro 3. O Proconve P7 estabeleceu que, a partir de 2012, só deveriam sair das linhas de produção veículos Euro 5, mas que o estoque antigo poderia ser desovado. “Houve um estoque de passagem de veículos da norma anterior, produzidos até dezembro passado, que se encontra em fase de esgotamento”, afirma Cledorvino Belini, presidente da Anfavea, “A partir daí, somente serão comercializados os novos veículos”.
A queda inicial de vendas já era antecipada pelo mercado e pode ser considerada uma das dificuldades naturais da largada do Proconve P7. Um de seus motivos foi a antecipação de compras verificada no fim do ano passado. Parte dos transportes preferiu adquirir caminhões e ônibus da geração Euro 3 em vez de esperar pela definição de aspectos relacionados à adoção do Euro 5, como preço dos veículos, do diesel S-50 e do aditivo Arla 32, assim como sua disponibilidade ao consumidor.
“Ainda há receio de comprar o Euro 5”, diz Neuto Gonçalves dos Reis, diretor técnico da NTX & Logística, entidade que representa os transportadores de cargas. “A tecnologia reduz substancialmente os poluentes, mas os preços subiram. A escala ainda é pequena, tem que dar um tempo. Daria mais resultado tirar caminhão velho das ruas. É uma frota grande, Talvez haja uns 600 000 veículos com mais de 20 anos por aí”.
O aumento de custo dos veículos da nova geração Proncove P7 deve-se basicamente ao investimento nas novas tecnologias para combater a poluição, segundo as montadoras. São utulizados dois sistemas que atuam junto do motor: o SRC (sigla em inglês para redução catalítica seletiva), que utilizada o aditivo Arla 32; e o EGR ( sigla em inglês para recirculação do gás do escapamento), que faz o gás retornar à admissão por meio de um sistema de turboalimentação (veja o quadro Por Dentro do Motor abaixo).
Também faz parte do pacote tecnológico a introdução de uma espécie de xerife da qualidade do ar, denominado OBD (sigla em inglês para diagnóstico a bordo). O sistema mede a quantidade de poluentes liberada após todo o tratamento e, se algo estiver errado, emite um alerta ao motorista. Caso ele não tome as devidas providências, o OBD pode enquadrar o motorista com a redução do torque do motor até o reparo final.
“A tecnologia Euro 5 torna o motor mais eficiente que a geração anterior”, afirma Francisco Nigro, professor de engenharia mecânica da Escola Politecnica da Universidade de São Paulo. “Os fabricantes podem regular o motor para reduzir a emissão de material particulado durante a combustão e cortar o óxido de nitrogênio no pós-tratamento. O novo processo economiza combustível e atenua dois poluentes com maior impacto na saúde pública.”
QUEDA DE JUROS
Além da nova geração de motores, os caminhões e ônibus foram recheados de tecnologia para melhorar a condução, a segurança e o conforto do motorista. Novas embreagens, câmbios, cabines e instrumentos foram adicionados pelas montadoras para atender às necessidades do cliente, “Os veículos incorporam novas tecnologias que melhoram o seu desempenho econômico, e não somente o ambiental”. diz Belini, da Anfavea. “O caminhão é um bem capital, não de consumo. É sempre uma compra planejada, em busca de eficiência operacional.”
Como estímulo transitório, o governo federal fez sua parte para facilitar a vida do comprador de caminhões. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) anunciou, no fi de maio passado, a redução do juros -de 7,7% para 5,5% ao ano – da linha de empréstimos do Programa de Sustenção do Investimento (BNDES PSI). Também esticou oprazo máximo de pagamento do Programa BNDES Procaminhoneiro, de 96 para 120 meses.
SA Prefeitura de São Paulo também pode estimular a compra de veículos urbanos de carga (VUC). Em meados de maio, ela liberou a circulação em qualquer horário desse tipo de caminhão a Zona Máxima de Restrição da cidade, que abrange 100 quilômetros quadrados. Antes eles só podiam rodas das 10 horas às 16 horas. Os VUC apenas estarão sujeitos ao rodízio de veículos, que restringe a circulação num dia da semana, conforme o final da placa.
Embora seja cedo para avaliar a efetividade da medidas recentes, as motadoras preveem vendas maiores daqui para a frente. “O que determina o momento de expansão de uma frota é o comportamento da economia do país e as consequentes perspectivas de movimentação de cargas”, afirma Belini. “Nossa expectativa é que, com os sinais positivos da economia e com as recentes medidas adotadas na área de financiamento, o mercado encontre o caminho da normalidade,”
Outra incerteza registrada pelo mercado antes do início do Proconve P7 dizia respeito à distribuição de combustíveis. Para funcionar, os novos motores exigem o óleo diese S-50, assi, chamado por admitir teor máximo de enxofre de 50 partes por milhão (PPM). Nas gerações mais antigas, os caminhões utilizam diesel S-50 ou S-1800. A diferença na emissão de poluentes é brutal, e o país já tem trabalhao sobre essa questão (veja o quadro Diesel Mais Limpo).
Como a fabricação, o transporte, a estocagem e as bombas de S-50 têm de ser diferenciados, havia dúvida se o combustível estaria disponível na hora de o caminhoneiro encher o tanque. Também provocava insegurança a distribuição do aditivo Arla 32, necessário ao sistema SCR. Não mais. “Hoje é possível fazer qualquer viagem para qualquer área do país”, diz Alísio Vaz, presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), que representa as principais empresas do setor. ” Apenas recomendo que o caminhoneiro planeje seu roteiro, consultando a relacção de postos que trabalham com o produto.”
AUMENTO DA DEMANDA
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natura e Biocombustíveis (ANP) determinou, no fim de 2011, que mais de 3 100 oistos localizados em regiões metropolitanas que já o vendiam. A lista encontra-se na internet (www.ano.gov.br). “Os preços são até 10% maiores, mas não tenho notícia de falta de combustível”, afirma Neuto Gonçalves dos Reis, da NTC&Logística.
Para o dono de posto, porém, a situação ainda não é a das mais confortáveis. “um posto na beira da estrada po vender entre 50 000 e 1 mihão de litros de diesel por mês”, diz Vaz, do Sindicom. “Já a média de venda de diesel S-50 foi de 36 000 em abril, pouco mais qye a capacidade de um caminhão-tanque. Isso só vai se desenvolver com o aumento da demanda.”
Ainda que existam obstáculos à modernização, o Proconve já é bem-sucedido e irreversível, por seu desempenho histórico tanto para caminhões e ônibus quanto para carros de passeio. Medidas para acelerar seus resultados podem ser sugeridas, como um inteligente programa de renavação de frota e a definição de limites estritos para a idade de ônibus urbanos por parte de prefeituras. Já os cidadãos recisam de ar mais limpo, por isso torcem pelo sucesso da fase P7. “É questão de tempo”, diz Noronha, do Ministério do Meio Ambiente.
Fonte:
Revista Quinzenal Exame – Ano 46 – N°12 – Edição 1019 27 de junho de 2012